as belas artes
de alvim
Dias depois de lançar a matéria especial “Os Refugiados”, para o jornal O Globo, o infografista Alessandro Alvim fala do trabalho com o sorriso no rosto e com orgulho do resultado. Quando recebe um elogio sobre a composição da matéria, fica feliz e diz: “Viva meus leitores, poucos, mas fiéis”. Exibe orgulhoso um de seus trabalhos mais especiais, o do aniversário do Cristo Redentor, e conta a experiência de entrar na estátua e gravar um vídeo sem roteiro.
Formado em Belas Artes, começou no Jornal do Brasil como cartunista e viu na infografia sua paixão. Foram anos dedicados a esse modelo antigo, que fizeram Alvim conquistar a experiência e a confiança dentro do jornal: “Durante 17 anos eu editei os gráficos do jornal. Ao longo do tempo eu também tocava esses projetos grandes, como o do Cristo. Eu fui conquistando esse espaço”.
Hoje, Alvim acredita que os infográficos devem ser protagonistas da informação.
– O futuro da infografia é ela não funcionar como uma prestadora de serviços. Ela tem que gerar conteúdo. Atualmente, os maiores jornais do mundo já apostam nesse modelo de trabalho. Esse é o caminho. Não sei quantos mais no Brasil fazem o que eu faço. Muitos têm capacidade para isso. Tem muitos profissionais brilhantes. Mas ainda somos poucos. Não estou querendo dizer que eu sou muito bom, mas ainda falta essa mudança – analisa.
Esse novo modelo de trabalho foge da dinâmica baseado na demanda. “Esse modelo, ‘eu preciso disso, daquilo’ ainda dura, mas está mudando, porque tem cada vez mais jornalista virando infografista e uma geração ligada a tecnologia”, conta Alvim.
EXPERIÊNCIA COM O DIGITAL
Para ele, a internet diversificou o trabalho do infografista:
– Eu vim do papel, mas a internet está me forçando a me adaptar a esse mundo digital”, afirma Alvim. Um trabalho que começa com o layout da matéria. Além do visual, do gráfico, ele pensa primeiro na usabilidade do leitor. A matéria vai ser em tela cheia ou não? Vai ter vídeo? Eu penso no digital e impresso ao mesmo tempo. Tentando dar ênfase ao celular – explica, lembrando que há um ano O Globo incluiu um medidor de audiência nas matérias online:
– Eu faço um trabalho, eu meço aquela experiência. Porque me interessa saber que tipo de dispositivo o meu leitor usa, que tela ele usa, que celular ele usa. Isso influencia a maneira que eu vou apresentar o meu trabalho. Por exemplo, no meu trabalho mais novo, Os Refugiados, a nossa discussão era se eu dava ou não o vídeo em wide. Porque 30% dos nossos leitores de internet ainda têm o monitor quadrado. E 7% a 8% têm o monitor wide. Isso foi levado em consideração – ressalta Alvim.
Ainda sobre as mudanças tecnológicas, Alvim explica que trabalha com a visualização e a análise de dados, mas que direciona a maior parte do seu trabalho às matérias com infográficos, textos e vídeos.
– Eu trabalho com visualização de dados, mas a visualização requer um treinamento tecnológico muito pesado e eu acompanho as novidades, me mantenho informado. Mas, pessoalmente, tento dirigir meu trabalho para estes que faço como o dos refugiados, que acho que é o que faço de melhor – afirma Alvim.
ÚLTIMO TRABALHO: OS REFUGIADOS
Durante toda a entrevista, Alvim falava feliz e orgulhoso do trabalho que havia acabado de publicar. Ele conta:
– Uma das funções do jornalismo é contar história. A minha intenção com aquele trabalho não era discutir a crise da imigração e nem fazer como algumas matérias que tratam a crise no superlativo. “Trinta mil refugiados. Chegaram mil haitianos”. E eu pensei... “Poxa, a gente não escuta as pessoas”. Alvim começou a entrar em contato com as fontes ainda em setembro. O mais difícil foi encontrar personagens dispostos a falar:
– Essas pessoas não querem falar muito, estão processo de refúgio. Elas têm histórias que as pessoas não podem saber. Quando eu achei todos os personagens, eu me encontrei pessoalmente com eles e mostrei o projeto. A internet encurta caminhos, mas, por exemplo, este trabalho dos refugiados não seria o mesmo se eu não tivesse me encontrado com eles – conta Alvim.

Alvim na redação de arte do jornal O Globo
Foto: Aline Lira
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Você pode conhecer o trabalho de Alvim também pelo blog e pelo portfólio dele no Visualoop.
Se você quiser conhecer melhor o trabalho de Alvim, pode começar pelo infográfico mais acessado: Castelo 360º.
Aproveite para assistir ao vídeo da visita ao Cristo Redentor e dê uma olhada na página especial Os Refugiados.